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Demanda efetiva

A demanda efetiva pode ser compreendida como a procura por bens e serviços que é respaldada pela capacidade de pagamento. No contexto da economia de mercado, é a demanda solvente que efetivamente importa, mesmo que seja inferior às necessidades da população como um todo.

Esse conceito, desenvolvido por Keynes em sua obra "A Teoria Geral do Emprego, do Juro e do Dinheiro" (1936), visa representar as forças que determinam as mudanças na escala de produção e emprego em âmbito global. Keynes contestou os economistas clássicos, que deram início às discussões sobre os determinantes da oferta e da demanda, bem como os níveis gerais de produção. Um desses debates foi travado entre Ricardo e Malthus e envolveu a possibilidade de superprodução generalizada de mercadorias, posteriormente conhecida como Lei dos Mercados de Say ou Lei de Say.

O objetivo de Keynes era substituir a Lei de Say com seu conceito de demanda efetiva, apresentado pela primeira vez em seu livro "Tratise on Money" (1930). Esse conceito ia além e representava uma crítica à teoria monetária dos economistas clássicos.

De acordo com a Lei de Say, é a produção que determina a demanda, pois, se a produção capacita as pessoas a comprar, então a demanda não pode ser inferior, incapaz de realizar a produção. Embora tenha sido admitido que pode haver excesso de produção em alguns mercados, isso seria compensado por escassez em outros.

No entanto, J.S. Mill já havia percebido que o dinheiro permitia a separação da troca em duas etapas, de modo que aquele que vende não necessariamente compra no mesmo momento. Embora isso possa causar transtornos passageiros no equilíbrio entre oferta e demanda, já que o dinheiro é demandado ou retido apenas para ser gasto posteriormente.

A escola marginalista, por sua vez, argumentava que o excesso de oferta só ocorreria se o preço da oferta superasse a utilidade marginal. Em um mercado competitivo, o ajuste entre oferta e demanda ocorria por meio de mudanças nos preços relativos, embora temporariamente possa haver um excesso de oferta.

Embora houvesse divergências entre os economistas clássicos, como Smith e Ricardo, e os marginalistas, como Marshall e Pigou, em diversos aspectos, eles concordavam em relação à oferta e demanda na produção, e por isso Keynes os classificava como "clássicos".

Porém, as explicações dos marginalistas para a existência de superprodução não atribuíam a falta de confiança e o entesouramento como causas, mas sim a períodos temporários de ajustes nos preços relativos.

Keynes sustentava que as discrepâncias entre o nível de emprego e o nível de pleno emprego eram determinadas por causas temporárias não persistentes, o que foi reforçado pelas críticas às concepções anteriores após a crise econômica de 1929. Naquela época, os níveis de desemprego ultrapassaram 20% da força de trabalho, evidenciando que os mecanismos automáticos de ajustamento defendidos pelos clássicos e neoclássicos não ocorreram conforme o esperado.

Em suma, a teoria neoclássica pressupunha a validade da Lei de Say sem aprofundar a questão, enquanto Keynes reconhecia que a poupança se transformava em investimento e, portanto, em demanda por meios de produção. As críticas de Keynes foram fundamentais para questionar os modelos tradicionais e propor uma nova abordagem na economia.

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