O Plano Baker refere-se a uma estratégia adotada para enfrentar a crise da dívida do Terceiro Mundo que começou em agosto de 1982, quando o México suspendeu temporariamente o pagamento de sua dívida externa. A suspensão do pagamento da dívida pelo México gerou preocupações nos bancos credores, que temiam um colapso do sistema financeiro internacional devido à generalização de moratórias por outros países devedores.
Os governos dos maiores países credores procuraram evitar uma catástrofe financeira, incentivando a concessão de bridge loans (empréstimos-ponte) para garantir que os países devedores continuassem pagando em dia. A premissa subjacente era que os países devedores estavam enfrentando uma crise temporária de liquidez devido a fatores como a recessão nos países industrializados e a deterioração nas relações comerciais, causada pelo aumento das taxas de juros e pela queda nos preços das commodities.
A estratégia consistia em os países devedores adotarem políticas de austeridade para reduzir suas necessidades de recursos externos e pagarem os juros aos bancos comerciais em dia. O FMI (Fundo Monetário Internacional), o Banco Mundial e os Bancos Regionais de Desenvolvimento forneceriam empréstimos para equilibrar os balanços de pagamento, enquanto os governos dos países credores ofereceriam recursos adicionais, incluindo bridge loans, enquanto o principal da dívida era renegociado. Os bancos comerciais também deveriam fornecer novos empréstimos para fechar as lacunas financeiras remanescentes.
Essa estratégia foi seguida de 1982 a 1985, com o rescalonamento da dívida principal e a obtenção de novos empréstimos. Em 1983, ocorreu uma reversão na transferência de recursos, com uma intensa redução das importações. Com a recuperação da economia norte-americana e de outros países industrializados, alguns países devedores conseguiram aumentar suas exportações e financiar uma transferência de recursos ainda maior em 1984, o que criou a ilusão de que a crise da dívida estava acabando.
No entanto, em meados de 1985, ficou claro que a estratégia adotada havia salvado os bancos, mas os países devedores haviam aprofundado suas crises. As restrições às importações, a queda do crescimento econômico e dos investimentos comprometeram a capacidade dos países devedores de continuar pagando o serviço de suas dívidas. Com a desvalorização dos títulos da dívida externa dos países em desenvolvimento e a relutância dos bancos em conceder novos empréstimos, a implementação da estratégia tornou-se cada vez mais difícil.